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História Social a Norte

Curso Breve História da Alimentação em Portugal | 02/09 a 04/11


Entre os dias 2 de setembro e 4 de novembro de 2022, sempre às sextas-feiras entre as 17h30 e as 19h30, realizar-se-á o "Curso Breve História da Alimentação em Portugal". O evento, que decorrerá em formato remoto, é organizado pelo Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga, pelo Laboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho e por investigadores do grupo História Social a Norte. A inscrição é gratuita para estudantes e membros dos Órgãos Sociais e Irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Braga. As informações sobre os conteúdos programáticos das nove sessões e todos os detalhes sobre o Curso podem ser consultadas no sítio oficial na internet https://clivre.wixsite.com/clhalim


Apresentação do curso:

Considerada sob vários ângulos, a alimentação é, evidentemente, indispensável à existência humana. A sua definição resulta de um processo cultural de cada povo, com características próprias de cada época e de cada lugar. Em tempo de abundância e, simultaneamente, de escassez ou total privação, os alimentos assumem uma importância acrescida, desde logo por serem imprescindíveis para a satisfação de necessidades básicas do ser humano, mas também por, paradoxalmente, serem usados como arma na disputa política ou em contextos bélicos. Sempre houve quem muito tivesse para se alimentar e quem tivesse de esmolar o pão para sobreviver. Estas diferenças mostram condições sociais muito distintas e materializam até diversas conceções sobre os alimentos e a forma como são conseguidos e usados.


Os alimentos foram assumindo uma forte componente social, ditada pelos rituais instituídos, pelas tradições que se foram gerando e pelos costumes que se foram enraizando. Houve alimentos banidos das dietas alimentares, enquanto outros foram valorizados e associados a processos de cura e de restabelecimento ou a ocasiões ritualizadas e à celebração de datas simbólicas. Diferenças económicas, sociais, religiosas e até de género ditam a existência de dietas variadas e a atribuição de diferentes significados aos alimentos. Tudo isto fez com que a alimentação se tornasse matéria debatida por médicos, antropólogos, historiadores e sociólogos, que, apesar da diversidade de abordagens, coincidem no reconhecimento da sua relevância e imprescindibilidade para a vida humana com qualidade.


Os hábitos alimentares expressam conceções espaciais e temporais, pois as pessoas tendem a consumir os géneros alimentícios produzidos nas suas comunidades e sobre os quais se foram construindo tradições e até identidades, que se traduzem em identificações sensoriais que os fazem associar a tempos e lugares de vida. As suas cores, o seu paladar ou os seus cheiros remetem para memórias individuais, evocativas de passados pessoais. Os alimentos de uma determinada comunidade ou região, pela sua perenidade e tradição, passaram a assumir uma feição patrimonial, que tende a ser cada vez mais valorizada (e.g. dieta mediterrânica), fruto de um processo paulatino e gradual. Com o caminhar dos séculos e os progressos alcançados pela Humanidade, os alimentos venceram fronteiras, as dietas tornaram-se mais diversificadas, sem que fosse posto em causa o processo de patrimonialização da alimentação, que tendeu, aliás, a reforçar-se. Por outro lado, é reconhecida a necessidade de preservar as idiossincrasias gastronómicas num mundo cada vez mais globalizado.


Atualmente, os alimentos representam uma das numerosas contradições que evidenciam a complexidades das sociedades hodiernas. Incompreensivelmente, continuam a escassear em vastas regiões do globo, onde a fome continua a imperar no quotidiano de milhões de pessoas, ao mesmo tempo que o desperdício atinge níveis escandalosos e a Humanidade se debate com enfermidades provocadas pelo consumo excessivo de certos produtos e por dietas ditadas por motivos fúteis e que, muitas vezes, se revelam até contraproducentes para a saúde.


Num debate que se abre à longa duração e à interdisciplinaridade, pretende-se com este curso proporcionar uma viagem na e pela história dos alimentos e da alimentação.

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